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Alumni do DCR em destaque

10-12-2020

Para a nossa rubrica, "Alumni do DCR em destaque", desta vez chamamos a vossa atenção para Bruna Pereira de Oliveira, conservadora-restauradora de pedra.
 
Aqui fica o seu testemunho sobre o seu percurso na área da conservação e restauro:
"Iniciei a minha actividade no património imóvel em 2008 e considero o meu primeiro grande desafio a coordenação da 1ª fase de requalificação do Convento de Jesus em Setúbal. Profissionalmente, a grande mais valia desse projecto foi a percepção de que é praticamente impossível incluir tudo num projecto de execução especialmente quando falamos de edifícios e património integrado com mais de 500 anos. Para além da competência de um bom projecto de execução, o relatório prévio é decisivo para uma boa intervenção e o diálogo multidisciplinar, mais do que deve, tem de ser constante. Tendo em conta que a maior parte das vezes o relatório prévio e a comunicação entre especialidades é pobre ou inexistente, os conservadores têm também a responsabilidade de contribuir para que se passe da lei e das recomendações internacionais para as intervenções.
A partir de Setúbal passei a ter duas motivações: o tratamento do material (visão micro) e a compreensão abrangente das necessidades do património bem como a sua viabilidade (visão macro). Gosto de fazer intervenções onde centro toda a minha atenção no material. Um exemplo recente de uma intervenção que participei é a escultura do Dom Sebastião da Estação do Rossio onde o desafio principal foi devolver a verticalidade da mesma e integrar os 90 fragmentos no conjunto (https://www.publico.pt/.../noventa-fragmentos-mil...). Adoro “partir pedra” na elaboração de relatórios prévios, como foi o caso do Património Integrado do Convento dos Capuchos onde tive a sorte de colaborar com as investigadoras Inês Coutinho e Isabel Pombo Cardoso, a hist. de Arte Maria João Vilhena e vários especialistas de CR. Mais recentemente comecei a explorar soluções para expositores de peças arqueológicas pétreas de consideráveis dimensões totalmente inofensivos (sem furações ou colagens) mesmo quando se tratam de vários fragmentos.
Na verdade, a nossa profissão é altamente motivadora no sentido em que podemos fazer imenso pelo património reconhecendo as suas necessidades e gerindo valores. Esse é agora o meu mote no meu mais recente projecto, a Faz Parte."